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“Vamos passar a dar valor a cada treino coletivo”

“Vamos passar a dar valor a cada treino coletivo”

2020-04-15

Aos 18 anos, tira o curso de Contabilidade na Universidade de Aveiro e diz que as aulas à distância estão a correr bem. São seis em casa (a jogadora do Fiães, os pais, o irmão e os primos) e procuram ocupar-se uns aos outros. A lateral-esquerda conta-nos as dificuldades acrescidas para treinar por morar num prédio, pensa que a atual situação ainda vai demorar um pouco a passar, mas está convencida que as pessoas vão dar mais valor ao que faziam antes da pandemia quando a crise passar.

Como está a ser viver este período de confinamento que ainda é mais agravado na zona onde moras, em Ovar?
Sinceramente, para mim, não faz grande diferença, porque estou em casa, não trabalho, a Universidade também acabou com as aulas presenciais, agora é tudo à distância e a mim não complica muito a vida, mas tenho a situação do meu pai e até do meu irmão, que é mais complicada. Trabalhavam fora daqui - o meu pai, por exemplo, e agora nem sequer pode sair daqui. O meu irmão trabalhava aqui, mas as indústrias fecharam todas, talvez comecem a abrir agora algumas, com os comunicados que vão sendo divulgados, vamos ver. Quanto ao futebol, então, sim, é complicado não estarmos a treinar todas juntas, é verdade. Ainda por cima, vivo num prédio, é mais complicado fazer exercício, mas procuro adaptar-me e tento aproveitar ao máximo os recursos que tenho para não perder a forma física.

Onde estavas a estudar? E o quê, já agora…
Estava na Universidade de Aveiro. Contabilidade.

Mas estás confinada agora aí a Ovar, não é? A Universidade, entretanto, também fechou, não foi?
Estamos a ter aulas à distância. Não está a correr mal, acho até que tem sido uma experiência bastante positiva.

Tens familiares fora de Ovar com quem não possas estar?
Sim, só mesmo nós os seis que estamos cá em casa é que somos do concelho, de resto, os meus avós, uns são de Aveiro, os outros da Guarda. É complicado, estamos aqui um bocado sozinhos, não podemos sair daqui e é difícil. Mas é mesmo assim, nesta altura temos de nos resguardar, a nós e a eles, que são mais velhos.

Mas tens mantido contacto, tens falado com os teus avós?
Sim, sim, por chamadas. Vídeos, é mais complicado, porque eles não estão muito familiarizados, mas temos falado, sim. Até ver, está tudo bem, esperemos que continue assim.

Falavas há pouco das dificuldades que tens sentido na tua preparação por morares num prédio: o que é que tens feito? Como tens conseguido contornar essas dificuldades?
O meu irmão é o treinador das juniores, vamos para a garagem, para um terraço, mesmo em casa ele tenta orientar um treino mais específico, seja físico, seja com bola. Claro que num espaço mais reduzido, mas tentado fazer pequenas coisinhas que sejam possíveis cá no prédio, como subir e descer escadas, para ver se não perco a forma física e tem sido muito à base disso. Os meus primos também, que moram connosco tentam motivar-nos, para que não estejamos para ali deitados no sofá sem fazer nada e tentamos fazer o que podemos.

E como é que tens vivido este período de paragem forçada? Tens conseguido estudar, tens conseguido aproveitar de alguma forma este tempo?
Sim, claramente. Ao contrário da opinião de algumas pessoas, julgo que as aulas à distância até estão a funcionar, pelo menos para mim, porque tenho muito mais tempo para estudar. Agora, também, sem os treinos coletivos, faço só treino individual, mas acho que tem dado para conciliar tudo. Apesar de ser um bocado complicado ter de ficar em casa, não poder ir para um jardim dar uns toques, mas acho que tenho conseguido gerir bem o tempo e aproveitar, na medida do possível, não tenho razão de queixa. A Universidade também tem disponibilizado todos os recursos para nos facilitar a vida e acho que, com todos os problemas, até está a correr bem.

E, de resto, como é que tens ocupado o tempo? A ver televisão, a ler, o que é que tens feito?
Eu, sinceramente, não sou muito de ler. Vejo séries na Netflix, jogo uns jogos de tabuleiro, jogo às cartas, acabamos por nos ocupar os seis uns aos outros, para também não ser tão frustrante estar ali fechado.

Olhando para a frente, como é que achas que as coisas vão ficar?
Acho que isto ainda vai demorar algum tempo a passar, sinceramente. Claro que estou esperançosa que não seja muito mais tempo, mas parece-me que ainda vai demorar um bocado. Mas eu acho que quando isto passar, pelo menos espero, que as pessoas passem a dar muito mais valor a tudo aquilo que fazem. Realmente, dantes, nenhuma de nós dava grande importância a um treino coletivo e agora todas queremos treinar e estar juntas, acho que as pessoas vão passar a dar mais valor e vão começar a trabalhar mais também em termos de sociedade.

Tens mantido contacto com as tuas colegas de equipa?
Sim, sempre. Temos passado alguns planos físicos umas às outras, também temos por vezes treinos com o preparador-físico e temos mantido sempre o contacto, de uma forma ou de outra.

Como é que tens sentido a comunidade aí em Ovar, que ficou ainda mais confinada do que no resto do país. Como estão as pessoas a viver este período de recolhimento obrigatório?
As opiniões dividem-se. Há muitos que são a favor do cerco, porque de uma forma ou outra, conseguem manter as suas atividades cá, outros que têm a sua ocupação fora do concelho, são contra o facto de não poderem ir para fora. Vejos pessoas que se tentam resguardar muito e depois vejo também outras pessoas que vão todos os dias ao supermercado, se for preciso até mais do que uma vez, só com a teima de sair, depende de pessoa para pessoa. Mas julgo que, de uma forma geral, está tudo a ser encarado com alguma tranquilidade e a maior parte das pessoas procuram resguardar-se e só saem quando é mesmo necessário. Agora, começa a haver mais algum movimento, porque já abriram algumas empresas, mas acho que até estamos a respeitar bem.

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