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Começam a decorrer, por várias zonas do país, os dias da Festa do Futebol Feminino, organizados pelas várias associações distritais de futebol, que terá o seu ponto auge no Jamor quando as equipas vencedoras nos eventos regionais se defrontarem entre si, nos escalões sub-13 e sub-15.

O que me leva a escrever umas linhas não é sobre o evento em si, mas sim o número considerável de atletas que começam a competir em idades cada vez mais precoces e, com isto, a potenciar o desenvolvimento das suas competências e capacidades atléticas cada vez mais cedo.

Não querendo repetir o anúncio televisivo, no meu tempo de atleta, não havia nada disto. É verdade, são quatro gerações de diferença e a sociedade e as organizações desportivas evoluíram. Não necessariamente para melhor em todas as vertentes, mas nas questões desportivas e de igualdade de oportunidades começa a assistir-se, ainda que lentamente, a algumas mudanças.

Não há muitos anos, este cenário não era possível sequer de se antecipar. Estávamos a anos-luz da realidade atual. Para alguém da minha geração, assistir a este crescimento, é um enorme motivo de orgulho.

Algum do nosso caminho desbravado vai permitir que o futebol feminino comece a ter a projeção que merece. Mas, mais que essa projeção, vai permitir que milhares de miúdas possam, finalmente, sonhar que um dia poderão jogar o seu desporto de eleição e representar o seu clube do coração (já para não falar na seleção nacional). Não há nada de mais reconfortante do que perceber que nada do que foi feito desde a década 80 foi em vão.

Os torneios interassociações, com a participação das seleções distritais (a exemplo do torneio Lopes da Silva, no género masculino, que lançou a primeira geração de ouro que brilhou em Riade, 1989), têm sido a rampa de lançamento de muitas das atuais jogadoras portuguesas com provas dadas e serão, certamente, a mesma rampa para estas miúdas que vêm dos eventos do futebol feminino, quando em representação das suas associações distritais.

A possibilidade de serem chamadas às seleções nacionais começa aqui, na base da formação. Estes torneios são a melhor fonte de recrutamento para as equipas que têm os escalões de formação em franco desenvolvimento e, em alguns casos, já com provas dadas.

Não sei se quem lê este texto já esteve presente e assistiu aos jogos disputados, mas se tiverem oportunidade, não deixem de o fazer.

É, simplesmente, fantástico ver a entrega das miúdas, a dedicação ao jogo, o espírito competitivo e a emoção que transferem para o terreno de jogo.

E assim nascem os sonhos, que nos nossos dias, podem muito bem tornar-se realidade.

Texto: Maria João Xavier.

Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls Photography.