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No Amora por amor ao futebol

No Amora por amor ao futebol

2019-02-14

Tem 24 anos, começou no futebol aos 21. “Nunca é tarde”, lembra. Queria futebol, o pai inscreveu-a no basquetebol. “Bateu o pé” para realizar um dos sonhos que sempre teve. Ana Pereira lembra a altura em que na infância era das poucas que trocava a barbie pela bola.

Estás a estudar mestrado em Medicina Veterinária. Como é que surgiu o interesse por esta área?
Desde pequena que adoro animais, mas quando acabei o ensino secundário não sabia bem o que fazer. Apenas sabia que queria fazer alguma coisa relacionada com saúde. Acabei por fazer licenciatura em Ciências da Saúde, e depois optei por seguir Medicina Veterinária.

Tens animais de estimação?
Bastantes. Tenho dois cães, um pastor alemão e um lulu da pomerania. Além disso, tenho sete gatos e dois peixes de água quente. Sim, é quase um jardim zoológico.

Os teus pais aprovam tanto animal lá em casa?
A minha mãe não fica lá muito contente devido às limpezas. Dá algum trabalho, mas vale a pena.

Ter uma licenciatura sempre foi uma ambição?
Sim. Os meus pais sempre me incutiram isso, mas eu sempre valorizei.

O clube apoia-te nos estudos?
Aqui no clube são bastante flexíveis, seja quando tenho de faltar, chegar mais tarde ou quando estou mais cansada. Não tenho qualquer razão de queixa.

Achas que há falta de medidas para que seja possível conjugar estudos e futebol?
Sendo futebol feminino, nós raparigas somos deixadas um pouco para trás. Os treinos são super tarde e às vezes fica difícil. Em algumas alturas os treinos acabam à meia noite e no dia a seguir tenho de me levantar às seis da manhã.

O Amora apresenta boas condições?
O futebol feminino no Amora só começou no ano passado e as coisas não foram lá muito boas. Este ano estão muito melhores. Há mais apoios, mais estrutura. Noto que está mais profissional.

Apesar disso, deixar o futebol não faz parte dos planos…
Sem dúvida. Num ano apenas faltei uma vez que foi quando o meu avô faleceu. O futebol ajuda-me. É algo de que gosto muito e que não consigo dispensar da minha vida. A minha gestão do tempo melhorou. Tenho de gerir entre família, amigos, futebol e os estudos. Gosto de viver assim.

Por conseguires conciliar tudo isto, as tuas colegas veem-te como um modelo a seguir?
Principalmente as mais pequenas. As juniores que agora fizeram a candidatura à faculdade falaram muito comigo sobre o medo de não conseguirem conciliar as duas coisas. Eu tento apoiá-las nesse sentido. É possível fazer as duas coisas sem deixar para trás os estudos. O futebol feminino está em explosão, mas ainda é muito cedo para se agarrarem apenas ao futebol.

Viver só do futebol é um desejo?
Eu entrei muito tarde para o futebol, mas se tivesse entrado mais cedo, algo que não foi possível devido ao facto de os meus pais acharem que o futebol é para rapazes, se calhar tinha pensado nisso. Neste momento não é prioridade.

Como conseguiste contornar o facto de os teus pais não ficarem muito contentes pela filha jogar futebol?
Eram muito conservadores nesse sentido, mas agora apoiam-me bastante. Vão a todos os jogos. Aos 21 anos consegui bater o pé, mas foi muito difícil. Acho que eles todas as épocas rezam um bocadinho para eu sair.

Como é que nasceu esse amor pelo futebol?
Desde pequena que gosto. As outras meninas andavam com as barbies e eu andava com uma bola de futebol. Andei num colégio privado só de raparigas onde andávamos com fardas e sapatos e todos os meses a minha mãe tinha de comprar uns sapatos novos porque eu dava cabo deles por tanto jogar à bola, fosse sozinha ou acompanhada.

O teu irmão vê-te como um exemplo?
O meu irmão tem seis anos e joga no Amora. Os meus pais sempre o apoiaram nisso. Inclusive o meu pai foi inscrevê-lo e eu também queria que o meu pai me inscrevesse. Tanto queria que ele acabou por inscrever-me no basquetebol [risos]. Onde não consigo chegar com talento acabo por chegar com esforço e trabalho. Esse é o meu lema.

Na infância tinhas algum ídolo?
A minha grande referência no futebol, apesar de não ser normal na minha idade, sempre foi o Eusébio. Em casa tinha algumas cassetes com jogos dele e passava o fim de semana a ver aquilo. Depois cresci e passei a admirar a Carla Couto. Neste momento admiro a Cláudia Neto e a Ana Borges.

Que conselhos é que dás a todas as meninas que têm o sonho de serem jogadoras profissionais?
Nunca desistirem do sonho, mas que nunca deixem de parte os estudos. Conciliar as duas coisas sem deixar cair qualquer uma delas.

Qual é a tua opinião sobre o papel do Sindicato no futebol feminino?
Sou sócia há três anos. O Sindicato é muito importante em vários níveis. Sempre que temos alguma dúvida ou problema sei que posso contar com eles.


Perfil
Nome: Ana Pereira
Data de nascimento: 5 de agosto de 1994
Posição: Médio
Percurso como jogadora: Amora FC.

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